Casa de Pano
Cissa de Oliveira
terça-feira, 22 de junho de 2021
segunda-feira, 31 de maio de 2021
terça-feira, 11 de maio de 2021
segunda-feira, 26 de abril de 2021
sábado, 20 de fevereiro de 2021
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
Emoção Artificial
Emoção artificial é melhor do que nenhuma.
- Me dá uma recarga de bateria que eu faço amor contigo.
- Posso mudar a tua voz na próxima vez?
- Certamente que sim!
Desconfiaram? Casal do tipo humano e robô. Estranharam? Conte aí alguns míseros anos e os robôs serão uma mercadoria que, além de conversar, fazer caras e bocas, sexo e muito mais, serão capazes de despertar a paixão nos humanos.
A perspectiva desse avanço tecnológico até que não me assusta, diante dos avanços em outras áreas da ciência, mas confesso que a manchete, “os robôs serão os melhores amantes” , me deixou um tanto perplexa. Agora, então, eu posso me dar ao luxo de imaginar qualquer coisa. O futuro? Homem mais mulher igual a coisa do passado. Filho, questão de laboratório, e, de preferência, silenciados os genes para características desinteressantes. Namorar será cafonice, e casamento, depois dessa inovação na robótica, cada vez mais coisa do passado, ou de poesia, sei lá.
Vou dar um passo maior (ou mais profundo?) e perguntar: Por que a inteligência humana desenvolveria robôs na expectativa de transformá-los em amantes? Podendo ser programados para ter qualidades “x”, então poderíamos nos apaixonar por eles? Será mesmo? Como programar um sentimento direcionado para uma pessoa específica, se, deste sentimento, desconhecemos a essência? (Conhecêssemos a essência do amor, e não estaríamos a inventar novidades). Estaríamos, na verdade, esvaziados da emoção a ponto de reinventá-la, ou seriam esses robôs apenas uma brincadeira sexual mais elaborada?
Diz a manchete que os robôs têm um lado prático, por exemplo, o de acabar com o problema da prostituição e das doenças sexualmente transmissíveis (as traições em carne e osso?), mas imagino o homem dizendo:
- Você já transou com um robô?
E ela voltando ao tempo da mentira, porque, afinal, quem que vai querer concorrer com um mancebo cibernético?
Eu já me sinto atrasada no tempo. Pensar que será possível comprar “alguém”, mesmo que com emoção artificial, usando da mesma naturalidade com que se compra um congelado, ainda me parece um absurdo. Fazer o que, se eu sou do tempo dos humanos?
Corri a contar a novidade para a minha filha, que é jovenzinha e, possivelmente, mãe da primeira
“É... emoção artificial é melhor do que nenhuma...”.
Eu só fico me perguntando se será possível, em algum tempo, unir a engenharia genética com a robótica, e fazer um sujeito meio a meio, entende? Que não me venham chamar de Cissa Frankenstein, porque, como eu disse, depois dessa de que “os robôs serão os melhores amantes”, eu me permito imaginar qualquer coisa.
Cissa de Oliveira
(1) David Levy - Revista ÉPOCA n°. 500 - pg 126
Crônica do meu livro "Uma sujeita esquisita" (2009).
terça-feira, 15 de agosto de 2017
terça-feira, 25 de julho de 2017
sábado, 21 de março de 2015
Linguagem e democracia
Cissa de Oliveira
O conhecimento se renova com
muita velocidade. Há tempos ouvimos e sabemos tanto sobre isto que até nem
causa mais estranhamento saber que a tecnologia que conhecemos recentemente já
está ultrapassada.
E se o conhecimento, praticado ou
não, se duplica, triplica e replica numa velocidade estrondosa, por que haveria
de ser diferente com as coisas da palavra? A sentida e a falada, escrita. A culta e a inculta.
A rica e pobre. A certa e a errada. Errada? Até
quando? Palavra é coisa viva, vai por aí, encontrando, preenchendo nichos, se
estabelecendo. Ninguém manda na palavra, não, nem nos seus arranjos.
Não faz tanto tempo, a febre era a
do “vou estar” alguma coisa: providenciando, verificando, olhando, averiguando,
falando e até mesmo – espanto - escrevendo ou apagando. A onda do gerúndio era
um tanto cômica mas o fato é que ocupou frases cotidianas, discursos, promessas.
Ações sem prazo para começar e, dependendo do caso, muito menos para terminar. Desdobramento
sobre desdobramento? Ações desdobráveis, tanto quanto as linhas das costureiras,
aquelas que, atualmente trabalham na costurateria...?
Claro, pois se às manicures e clientes surgiram as esmalterias, se os pães nascem nas paneterias e se daqui a pouco os
bebês nascerão nas bebeterias por que
as costureiras não haveriam de ter vínculo com a costurateria?
E a escola, será que a ela vai
ser chamada de escolateria? “... as escolaterias da diretoria sul são
responsáveis por 39% da aluneteria
(justo que o aluno seja tratado também enquanto classe) da Secretaria da Educateria de São Paulo...”.
Será que o vô dicionário vai
suportar tanta fluidez? Pensar que a gente nem viajou além da zona de conforto
do próprio linguajar! Já imaginou a palavra farofateria?
Eu curto a democracia da palavra.
Fluidez de bem prá lá do certo e do errado. Licença poética. Talvez devesse adotá-la, pacote inteiro e
definitivo no mundo da crônica.
Começarei abrindo uma pasta aqui, sob o nome croniqueteria. É feio? Mas com
esse ar de indústria da escrita a fluidez bem pode rolar por aqui. Além do mais “democrateria” ou democracia,
como queiram: tudo coisa séria.
Cissa de Oliveira
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
domingo, 26 de outubro de 2014
sábado, 4 de outubro de 2014
sábado, 27 de setembro de 2014
Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida
Luis
Fernando Veríssimo
Um
dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na
portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:
"Faleceu
ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está
convidado para o velório na quadra de esportes".
No
início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de
algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua
vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra
de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças
para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se
aproximando do caixão, a excitação aumentava:
-
Quem será que estava atrapalhando o meu progresso ?
-
Ainda bem que esse infeliz morreu !
Um
a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam
pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco
e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros.
Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos
no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos
mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava
no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.
A
pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?
No
visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só
existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você
é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é
a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única
pessoa que pode ajudar a si mesmo. "SUA VIDA NÃO MUDA QUANDO
SEU CHEFE MUDA, QUANDO SUA EMPRESA MUDA, QUANDO SEUS PAIS MUDAM,
QUANDO SEU(SUA) NAMORADO(A) MUDA. SUA VIDA MUDA... QUANDO VOCÊ MUDA!
VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA."
O
mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus
próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida
é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda".
Luis Fernando Veríssimo
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
domingo, 27 de julho de 2014
quarta-feira, 7 de maio de 2014
quarta-feira, 26 de março de 2014
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