terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Meu caro Watson


O frio dói. Até a pele, algo ressecada, pálida e desassossegada já sinaliza isso. A lâmina de vento frio corta até a alma. 

Definitivamente, meu caro, no frio eu não sou eu. Vamos, páre de esfregar as mãos, e por favor me traga o cachecol ali, esse mesmo, colorido de sol. Você sabe como no frio eu posso ir do tédio à tristeza, e desta à desolação ou à raiva. Então não fique aí parado, homem, ainda mais quando o que eu queria, mesmo, era correr de alegria... não fosse a roupa pesada também atrapalhar, e a garoinha sem saber se fica ou vai.

Até hoje eu não entendi o porque das pessoas voltarem em tantos invernos a Campos do Jordão. Ter que dormir assim, com o aquecedor ligado não é pra mim. Bom mesmo é vinho quente, queijo e companhia apropriada, e mais eu não digo. Sob a pouca luz da estação, aproveite pra eliminar os outros fatores e fique só com a verdade, meu caro “Watson”, antes que eu não páre de achar a alegria implícita ao verão, à cor da primavera e à poesia do outono.



Cissa de Oliveira

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014



Por aí

Verônica Lane



Tec tec tec
são os saltos dos sapatos,
as teclas, o teclado.
Eu vou por aí, meu bonitinho,
fecho a porta da sala,
abro o caderno, o colorido
e o monocromático.
Atravesso o Rio Nilo,
o Rio Sena e o de Piracicaba.
Que importa o tempo, o rio, o espaço,
se eu rio mesmo é na alegria
de saber que você é,
em algum lugar?
E é tão grande essa alegria,
bonitinho,
garça branca num balé
espelhado,
e tão segura,
por saber que você é, por aí,
em algum lugar.


Verônica Lane