quinta-feira, 31 de março de 2011

Belvedere Bruno


Belvedere Bruno nasceu em Niterói-RJ. Participou de diversas antologias e seus trabalhos são divulgados em mídias diversas. É consulesa do Grupo Internacional Poetas del Mundo, representando a cidade de Niterói-RJ. Muitas vezes premiada por seu trabalho de divulgação cultural. É colunista do Jornal Santa Rosa e autora do livro Vinho Branco - Safra Especial de Contos e Crônicas.Ed. LivroPronto-SP-2010.

domingo, 27 de março de 2011

Além do mais...


"... a ignorância é quem atravanca este mundo; se só existissem homens sabidos, o mundo seria outro; mas não, existe a ignorância e, como todos sabem, só quem pode com a cabeça do ignorante é o pescoço, e mais ninguém..." (frase retirada de Na Praça, do escritor Pedro Salgueiro).

in: Fortaleza Voadora -(2007). Livro de crônicas do autor, premiado no III Edital de Incentivo às artes no Ceará (2006).

sexta-feira, 25 de março de 2011

Vida em Obras: blasfêmia








Poema do Rafa



euplócamo!
disse eu a um anjo-
quando ainda não os podia ver

herege!
respondeu-me ele-
mostrando que os anjos também ficam bravos

depois entendi tudo:
ele tem dreadlocks

quinta-feira, 24 de março de 2011

Fragmento 3


"...e ainda assim te desabas,
imaginando que não sabes
por onde pode sobrevoar uma ave
sozinha,
magoada...”

Cissa de Oliveira


do poema: A respiração dos barcos

terça-feira, 22 de março de 2011

O Gato

José António Gonçalves


O meu amor deu-me um gato,
para me ajudar a vigiar a casa.
Mas acabei por descobrir
que era a mim que o gato
vigiava.



Nos seus olhos havia tempo,
um modo lento de me contemplar;
eu já não sabia se era ele quem vigiava
ou se era eu a vigiar.

As suas orelhas logo denunciavam
o mais pequeno e oculto movimento;
não sei, sinceramente, o que fixava:
se um velho bailado de sombras
ou o meu próprio pensamento.

O meu amor deu-me um gato,
para me fazer companhia.
Apesar de me sentir vigiado,
nunca soube, deveras, o que fazer
sempre que ele desaparecia
e me deixava, sozinho, ao anoitecer,
depois de dormir todo o dia.

De uma vez experimentei chamá-lo,
do beiral da minha penumbrenta janela.
E ele não respondia. Estava com ela,
contando cada pormenor do que via,
no silêncio dos meus aposentos.

E o pior de tudo é quando,
nessas misteriosas visitas, lhe revela
os segredos, os tesouros que escondo,
no profundo breu dos meus pensamentos.

José António Gonçalves (13.06.54 - 29.03.2005), natural de S. Martinho, Funchal, na Ilha da Madeira. Fundou e dirigiu várias colecções literárias, com realce para o Movimento «ILHA», com quatro espicilégios editados (1975, 1979, 1991 e 1994, CMF, onde revelou cerca de uma vintena de novos autores madeirenses), os «Cadernos Ilha» (doze números publicados desde 1988), «Prosas da Ilha» (dois números), «A Memória das Palavras» (dois números: «Única», de Dórdio de Guimarães e «A Ilha de Circe», de Natália Correia»), «Livros de Cordel» (dez números, CMF, incluindo poetas da ilha e do Continente português, com realce para Ernesto Rodrigues, Vergílio Alberto Vieira, João Rui de Sousa, José Viale Moutinho, David Pinto Correia e António Ramos Rosa) e criou outra, «Terra à Vista», na Editora Regionalista da Madeira «Arguim» (cinco números, incluindo Francisco Fernandes, São Moniz Gouveia e Lília Mata). Passou a publicar na internet, incentivado pelo filho Marco Gonçalves. E foi nesse espaço que ele lançou em 2004 o "Poesia dos Calendários", onde publicava, diariamente, diversos autores, famosos ou não, novos e antigos - o único pré requisito é que se tratasse de bons escritores.

domingo, 20 de março de 2011

DIREITO AUTORAL: TUDO COMO DANTES

Por Luiz Carlos Amorim


Com o novo governo, mudou o ministro da Cultura. Ana de Hollanda, a nova ministra, logo que assumiu o cargo, retirou da Casa Civil o projeto de revisão da Lei de Direito Autoral. O projeto já era polêmico: o governo apresentou texto que, pretendia, fosse a base da nova legislação, que não agradou a todos. Alguns acharam que o Estado estará interferindo naquilo que é um direito privado. Outros apoiaram, porque acham que a legislação antiga estava prejudicando os produtores de cultura.

Com a retirada do projeto, começa tudo do zero, novamente e isso pode ser bom ou ruim. A verdade é que não haverá consenso, como pretende a ministra. Se depender disso, a revisão nunca saírá.

Artistas de renome de todo o Brasil, e não só músicos – há escritores, também , graças a Deus – preparam manifesto para aproveitar a deixa e tentar incluir pontos que não foram contemplados no projeto do governo, tornando-o mais racional e funcional.

O que me preocupa é que as discussões só se referem ao direito autoral relativo à musica, não se fala do direito autoral do escritor, da obra literária. A discussão deve abranger, invariavelmente, os direitos autorias referentes a qualquer tipo de obra de arte. E o livro?
O anteprojeto não prevê o direito autoral no meio digital e isso preocupa a todos, tanto músicos como escritores, assim como o texto que prevê a dispensa do pagamento de direitos autorais para uso de obras com fins educacionais. Com a retirada do mesmo e o seu possível refazimento, isso pode ser discutido e implementado. Será?

A verdade é que essa revisão já vem se arrastando há muito tempo. Parece não haver muito empenho de Ministério da Cultura em definir uma nova lei, apesar de terem colocado o texto do projeto para consulta pública por vários meses. E a necessidade de mudança da lei é indiscutível.


Luiz Carlos Amorim é natural de Corupá (SC), nascido em 16.02.1953 e formado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Joinville. É fundador do Grupo Literário A ILHA, que contabiliza 29 anos de atividades e que atuou em Joinville nos anos 80 e 90, depois se transferindo para Florianópolis, é editor do Suplemento Literário A ILHA, também circulando 29 anos ininterruptamente, da revista Mirandum da Confraria de Quintana e é editor de conteúdo do portal de poesia e literatura do Grupo Literário A ILHA – PROSA, POESIA & CIA, em http://geocities.yahoo.com.b/prosapoesiaecia , e das Edições A ILHA, com dezenas de obras publicadas. Assina o Blog CRÔNICA DO DIA, em Http://luizcarlosamorim.blogspot.com .
O autor tem 24 livros publicados.

sábado, 19 de março de 2011

Fragmento 2



"... eu ouço umas cantigas de roda,
e fico presa por intermináveis horas
aos sextavados dos cristais de tanta água,
tanta onda, tanto mar,
depois penso na incandescência apagada
das sinas e pressinto, com dó,
os sonhos que as pessoas se esquecem de sonhar..."

Fragmento do poema "Para florirem lá"
Cissa de Oliveira. in: "O reflexo do espelho" -
livro inédito de Cissa de Oliveira e José António Gonçalves

sexta-feira, 18 de março de 2011

Nilto Maciel. Ele não apenas conta

Cissa de Oliveira


Com o Nilto Maciel, a gente não apenas lê. Claro, pois se ele não apenas conta!

Imagine-se então o que é ter em mãos o “Contos Reunidos II” (1) – uma pinçada a partir dos seus três últimos títulos: “As insolentes patas do cão” (1991) , “Babel” (1997), e “Pescoço de Girafa na Poeira” (1999), e o que seus subtítulos fazem com a gente.

E vamos ficando tão admirados que – no meu caso com certeza – nos deixamos invadir pela impossibilidade de mensurar com fidelidade tudo o que vai aflorando pela alma. E mensurar pra quê? Às vezes a gente ri, como não? Por exemplo em “A voz indecorosa”. Por Deus, só lendo, porque “... enquanto caminhava, João Canoro não parava de falar aos ouvidos de todas as mulheres da Terra...". Por aí já se imagina o quanto faz o João Canoro, impacientando as mulheres que encontra pelo caminho, mas nunca desistindo, e para isso usando, inclusive, a ventriloquia. O final eu não digo, que não sou estraga prazer. Digo apenas que é “bem amarrado. Ou seria “bem afiado”, como o é a própria vida e também o autor?

A verdade é que o Nilto leva o leitor pra lá e pra cá. Comigo foi assim, em “O riso do gato” e em diversos outros contos. Então o gato, mesmo tão perfeitinho, sisudo e circunspecto, e talvez por isso mesmo, os fios do bigode sempre bem colados às faces, não era bibelô. Até se deu ao luxo de amanhecer outro, num determinado dia. Ao final do conto, muito bem justificado, o gato era bibelô e pronto. Ou teria sempre sido? Eu só fiquei pensando é em por que será que um gato, que aparentemente era gato de carne e osso, se transformou em objeto depois de pegar um rato... - mas a gente se deixa levar porque quer, e muito, oras!

E sabe quando resta o pressentimento de que o final do conto foi pensado justamente para ser a negação do título? Só sendo muito bem afiado! Assim eu enxerguei o “Sonhos”. A personagem, uma mulher em lua de mel, sonha. Na verdade tem um pesadelo com a infidelidade do marido, e ao final (do conto) o agride com uma arma, desfazendo com isso não o que acabara de ver em sonho, mas o próprio sonho da relação amorosa. Assim, o que era um simples sonho, mais do que pesadelo, transforma-se em realidade, mais ou menos como escreve Nilto “, ... o leite transforma-se em sangue...”.

O homem criou coragem – foi trancar a porta já trancada. Achou engraçado? É mais do que isso. Sem dúvida que o riso é presente em várias passagens de diversos contos do Nilto. Em “Vou ser herói, Maria”, Nilto, mais do que isso, escreve de um jeito que me levou a pensar nas neuroses a que estamos expostos, e de como elas podem se manifestar assim, num repente, de dentro do aparentemente nada.

O Nilto não apenas conta. Ele - e através dele milhares de personagens humanos ou não -, conversam com a gente. De repente, estamos no meio das cenas. Isso se dá tanto pelo que ele escreve, – e é quando nos assombramos de assombramento bom - e também pelo que ele suprime de escrever, nos arremessando pra dentro de nós mesmos. É quando pescamos da riqueza que há nas suas entrelinhas. Pois é, também no espaço próprio para o sugerir, o Nilto faz e acontece.

Por essas e outras, ou seria melhor dizer “por esses e outros” - contos - , eu digo que em se tratando de Nilto Maciel a gente não apenas lê, a gente se encontra “por lá”. Por fim, que me perdoem esse tom coloquial, pois não sei comentar com a propriedade dos literatos, e talvez por isso mesmo tenha guardado por tanto tempo o assombramento que os escritos de Nilto Maciel despertam em mim.

Cissa de Oliveira
Campinas, 18 de março de 2011.

(1) Ed. Bestiário-RS-2010.



Nilto Maciel nasceu em Baturité, Ceará, em 1945. Ingressou na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará em 70. Criou, em 1976, com outros escritores, a revista O Saco. Mudou-se para Brasília em 1977, tendo trabalhado na Câmara de Deputados, Supremo Tribunal Federal e Tribunal de Justiça do DF. Regressou a Fortaleza em 2002. Editor da revista Literatura desde 1991. Além de ter participações em diversas coletâneas, Nilto Maciel tem vasta obra publicada, desde 1974.

domingo, 13 de março de 2011

Fragmento 1

Cissa de Oliveira


"... o silêncio é doloroso
por todo lado
procuram-se fios
para emendar sonhos..."

Cissa de Oliveira
in: Acabou-se o fogo

sexta-feira, 11 de março de 2011

Tsunami no Japão

Uma tragédia. Por mais que o país estivesse preparado, como evitar tragédias assim? Eu tenho parentes morando lá e graças a Deus tudo está bem. Já morei por três meses em Chiba, por motivos de estudo (na Universidade de Chiba). Chiba é uma das prefeituras de Toquio e foi atingida também, tendo pegado fogo em conteiners de gás natural. Rezo pelos amigos e por todo o povo do Japão.

Aqui uma foto com amigos, na época em que estive lá.

Algumas das cenas mais impressionantes do tsunami, hoje.

OVERHEAD VIEW OF TSUNAMI AND EARTHQUAKE IN JAPAN! 2011


terça-feira, 8 de março de 2011

Surpresa no Carnaval de Campinas


Pois é, eu não sei qual é o nome da Escola de Samba que passou há pouco lá embaixo, na Avenida. É bem abaixo da nossa varanda. Só sei é que veio com uma música de igreja. Incrível foi a Bateria da escola, gente! De cara levantou todas as arquibancadas. Lá pelas tantas, abaixou, se levantou, se ajoelhou, fez o diabo, pôs todo mundo pra cantar e sambar. Uma surpresa.
A musica, pelo que ouvi é essa:

Faz Um Milagre Em Mim


Como Zaqueu quero subir
O Mais alto que eu puder
So para ti ver, olhar para ti
E chamar sua atencao para mim
Eu preciso de ti Senhor
Eu preciso de ti o Pai
Sou pequeno demais
Me da tua Paz
Largo tudo para te seguir

Entra na minha casa
Entra na minha vida
Mexe com minha estrutura
Sara todas as feridas
Me ensina a ter santidade
Quero amar somente a Ti
Porque o senhor e o meu bem maior
Faz um milagre em mim.

Se não houver erro na internet, a autoria da música é de Regis Danese.

segunda-feira, 7 de março de 2011

domingo, 6 de março de 2011

Marisa Monte - Carinhoso

Fugindo do Carnaval


...

Mas nem tanto... então, em Sampa, na casa da Salete e do Antonio Carlos


leitura e escrita de poemas, declamação, música e muito mais


Amigos. Enfim, Carnaval com Sarau é Carnasau, certo?


Renan, uma surpresa. Percebeu que ali a coisa era bem mais para o campo das idéias do que para o carnaval, e de improviso se resolveu:
"o livro caiu / a folha fugiu/ ... ou será coisa da minha mente...?"


Gente bonita e antenada

sábado, 5 de março de 2011

Strip-tease

Dentre os muitos escritos de Soares Feitosa,
esse é dos que eu mais admiro.


Soares Feitosa

Jamais eu ficaria quieto
sob o teu olhar;

que muito menos quietos,
no direito de ir e vir,
sobre o teu corpo,
seriam os meus olhos lívidos.

Porque sobre mim,
bastam os sons
dos teus vestidos:
já me desvestem a alma.

Soares Feitosa
Salvador, madrugada alta, 5.12.1996

CAÍRAM AS FLORES

Um presente do sempre querido JAG.



para a Cissa de Oliveira

caíram as flores do muro verde
e os amigos parecem-me mais distantes
esbatidos nas sombras suicidas dos crepúsculos
no lugar onde os pássaros desaparecem
no final das suas migrações instintivas

a rua mudou com novas cores o sol
cobrindo as pedras vocacionadas para a cinza
do vulcão extinto os troncos das árvores húmidas
ainda banhadas pelo orvalho da primavera as telhas
vermelhas do casario amando as encostas dos montes
e os brancos das toalhas e dos lençóis a corar
nas tardes de todos os dias

alguém anotou com rabiscos rápidos na alma
como algo mudou com a queda das flores
no muro verde da ilha

eu desligo-me de tudo vou para o miradouro
e fico horas olhando para os barcos partindo em fila
ignorando o destino de quem fica a ânsia de seguir
dentro do seu tejadilho no calor das caldeiras
do tempo em que se chamavam vapores
e lembro
como eram tantos os homens e mulheres que iam
de olhar baixo e lenço acenando para o cais
convencidos de que zarpavam em janeiro
para regressarem num dezembro
que era o amanhã do nunca mais

é verdade
alguma coisa mudou na ilha
e só ontem dei por isso
o muro está diferente
com a queda das flores
os barcos já não são vapores
os emigrantes desistiram da viagem
e eu fico por aqui no miradouro
como se fosse outro no centro
do feitiço duradouro e insistente
que habita esta paisagem

Poema publicado em "Poesia dos Calendários"
José António Gonçalves (1954-2005).

quinta-feira, 3 de março de 2011

Dormir um Pouco...

Albano Martins

Homenagem a Federico García Lorca



Dormir um pouco — um minuto,
um século. Acordar
na crista
duma onda, ser
o lastro de espuma
que há no sono
das algas. Ou
ser apenas
a maré, que sempre
volta
para dizer: eu não morri, eu sou
a borboleta
do vento, a flor
incandescente destas águas.

Albano Martins,
in "Castália e Outros Poemas"

quarta-feira, 2 de março de 2011

As Sete Saias


Claudia Villela de Andrade

Vesti as sete saias da razão:
A primeira,
de menina.
A segunda,
de donzela.
A terceira,
de mulher.
A quarta,
de atriz.
A quinta,
de esposa.
A sexta,
de meretriz.
A sétima não entrou.
Era a saia
de ser feliz.

Cláudia Villela de Andrade

Catasetum!

Pois é, o nome científico da orquídea é Catasetum fimbriatum. E quem me disse foi o José Nogueira, meu colega, professor de Química e que curte muito as orquídeas.