sábado, 24 de setembro de 2011

Verdade ou Mentira

"Verdade ou Mentira" é o título do novo livro de Odete Ronchi Baltazar, que será lançado Ed. AVBL. Direto do forno, uma amostra, com a crônica "Aqui jaz um blogue". Escritora de talento, a Odete vai sacudindo a gente, com os seus enfoques e abordagens.

Aqui jaz um blogue

Odete Ronchi Baltazar



Coisa triste é visitar blog abandonado. É como se entrássemos em casas desertas, cobertas por lençóis e cheias de poeira, como a gente vê nos filmes americanos. A gente passeia pelos cômodos e não encontra sinal de vida. E pensamos em como deveria ter havido alegria pulsante todos os dias, naquele lugar, que amanheciam ávidos por novas postagens e em como tinha movimento naqueles becos em que entramos, agora, silenciosos e tristes.

Embora não goste de passear entre os escritos abandonados, como se de repente algum acordasse do abandono imposto e pudesse me assustar, vou lendo os escombros deixados pelo poeta ou contador de histórias.

Fico a me perguntar o que faz o poeta abandonar seu lugar de registro do dia a dia. Cansaço? Tédio? Preguiça? Falta de tempo? Depressão? Falta de inspiração? Morte?

E as palavras mudas o tempo todo não explicam nada. Não me contam o segredo. E fico a ler tudo com avidez para ver se encontro uma pista que revele o porquê do abandono daquele espaço.

Há aqueles blogs que, mesmo abandonados, mantêm certo glamour. Têm classe. E mesmo deixados de lado, ainda têm atrativos: os mesmos de quando eram atualizados o tempo todo. Têm categoria.

Há, porém, aqueles em que o abandono aparece em toda parte. Ficaram o obsoletos no layout, as imagens foram substituídas por um "x" e as palavras já não dizem nada. Os links estão quebrados e não levam mais a lugar algum.

É a decadência visível do espaço. Tem-se que acender a luz em cada cômodo e, mesmo assim, há aquelas que estão queimadas ou que faltam. A poeira intoxica e coça o nariz. É como se a gente descobrisse um lugar com corpos destroçados e em decomposição.

Triste, muito triste visitar um blog assim. É como se passeássemos olhando lápides de "Aqui jaz". Sensação de solidão, de adeus.

Passo depressa e, mais que depressa, clico em outros links à procura de vida. Deixemos os mortos em paz. Riquiescant in pace. Amém.

Odete Ronchi Baltazar

domingo, 18 de setembro de 2011

Gostei dessa notícia!

Em recente contato, o Conselho Municipal de Cultura de Manaus solicitou autorização para reeditar o meu livro "A pontinha das páginas", o que me deixou muito feliz. O livro, vencedor na categoria crônicas do "I Prêmios Literários Cidade de Manaus" (2006) será distribuído para as bibliotecas municipal e estadual, escolas municipais, universidades e afins.

"...quero lhe afirmar que a procura por essa coleção de 2006 que se esgotou aqui para nós é de muita valia para o conhecimentos de jovens escritores e leitores dessa área..."

Não é fantástico?
E mais, como eu receberei vários exemplares a título de direitos autorais, um novo lançamento será realizado. Avisarei aos amigos na época.


Cissa de Oliveira

sábado, 17 de setembro de 2011

Um ponto de vista ou a vista de um ponto?


Fotografei a capuchinha (Tropaeolum majus) propositalmente por este ângulo. O dia estava lindamente ensolarado e eu queria que o resultado da foto lembrasse uma floresta! A Capuchinha é também conhecida como chagas, flor-do-sangue e agrião-do-méxico. Suas flores são comestíveis.

Consta que a capuchinha tem as seguintes propriedades: é antibiótica, diurética, expectorante, ativa a circulação,desinfeta as vias urinárias, age limpando os brônquios, combate a acne, as afecções da pele,a pele envelhecida,a caspa, a queda de cabelo,funciona como tônico capilar e aumenta o apetite e acba com o escorbuto.


A Capuchinha é fácil de cultivar. Num canteiro ou num vaso, onde possa receber bastante luz solar, ela floresce bem. Decorativa, pode compor bordas em jardins ou formar um lindo arranjo, plantada numa jardineira e instalada numa varanda ou peitoril ensolarado. A planta se reproduz por meio de sementes, por divisão de touceiras ou estaquia, sendo que o melhor método é o da divisão. O plantio pode ser feito em qualquer época do ano porém, durante a primavera, a capuchinha se desenvolve com maior rapidez.
Não é muito exigente quanto ao solo. Para o plantio em vasos ou jardineiras, pode-se utilizar:
1 parte de areia
2 partes de terra comum de jardim
2 partes de terra vegetal

Para melhorar a qualidade da mistura, pode-se acrescentar 1 parte de vermiculita (encontrada facilmente em lojas de produtos para hortas e jardins). Só é possível obter bons resultados no cultivo da capuchinha quando contamos com a incidência de luz solar direta, pelos menos durante algumas horas do dia. Quanto às regas, devem ser espaçadas, tendo o cuidado de manter o solo úmido, mas nunca encharcado.


Delicadas flores (inflorescências) do manjericão.

O manjericão é uma excelente fonte de vitamina K e uma fonte rica em ferro, cálcio e vitamina A. Além disso, fornece também fibra alimentar, manganês, magnésio, vitamina C e potássio.


A Nádia e eu, na horta de ervas medicinais do Paulo Decourt.

sábado, 3 de setembro de 2011

Poema XXIII

Mauro Veras

És tão suave
que cabes num grão,
num voo de ave solitária,
na brisa que refresca a visão
embaçada por dias, noites e cidades.

És tão suave
que saltas da bruma
que se quebra nas praias
e reacende os olhos que ousam
buscar na brisa a alegria das verdades.

És tão suave
que tocá-la é loucura ...
é como desejar a jóia rara,
a beleza amparada na candura
de toda suavidade. Tu és a vida desejada!

És tão suave
que tens a ternura
que dói quieta nos amantes,
que queima o ventre na aurora do torpor
que aflora dos toques, dos beijos, dos mágicos instantes.

És tão suave
que vais ao vento
que move os cabelos e as saias
do tempo, e retornas sempre neste sonho sem fim,
pois nada é mais singelo que tu, nem a mínima pétala do jasmim.

És tão suave
que te recebo inteira,
num movimento que se espraia
dentro de mim. E assim, como se ao recebê-la
minha alma sedenta do belo pudesse eternamente tocá-la, enfim.


MAURO VERAS, do livro O chantili com porcelana e a distância dela (obra literária sob registro ISBN 87-7325, CDO – 027.0, Ed. Sette Letras. Poesia Brasileira, previsto para 2012).



"... queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma..."


Mário Cesariny

Mário Cesariny de Vasconcelos (Lisboa, 9 de Agosto de 1923 — Lisboa, 26 de Novembro de 2006) foi pintor e poeta, considerado o principal representante do surrealismo português.