quinta-feira, 16 de junho de 2011

Dois Poemas de Ana Suzuki

Serenidade


Ana Suzuki

Virei água morna,
que se recusa a ferver
e tampouco a esfriar.
E quero manter-me assim,
sem arrepios de gelo
nem tremores de fervura.

Virei rio de planície,
sem securas na vazante
ou desatinos na enchente.
Já não corro, só deslizo.
Entre lírios e serpentes,
eu deslizo.

In Bodas de Coral
© Ana Suzuki
Campinas (SP) – Brasil

Você me dói


Você me dói
Não sei em que parte do meu subconsciente,
em que sala, caverna ou porão,
você me dói.
Não sei se por fora,
na pele que treme,
se por dentro,
nas vísceras que sustentam,
se lá longe,
nos ossos do nosso futuro...
Em alguma parte do meu ser
e do seu
em algum lugar do céu
ou do inferno,
do macro ou do microcosmo,
em algum lugar feliz e desesperado,
que não sei onde,
você me dói.

Ana Suzuki

Ana por ela mesma:

Resido em Campinas, no estado de São Paulo e pertenço, com muita honra, à Academia Campinense de Letras. Sou brasileira, sem um pingo de sangue japonês, mas casada, desde 1972, com Tadao Suzuki, de Fukushima-Ken, Japão; e é daí que vem meu nome de escritora. Publiquei, ao todo, dezesseis livros impressos; romances e infanto-juvenis, todos eles patrocinados por grandes editoras. Todavia, se antigamente elas levavam um ano para avaliar a obra e outro tanto para publicar, imagino que esse tempo se tenha dilatado muito, pois, hoje em dia, recebem centenas e centenas de originais por mês. Há dez anos sou fascinada pela internet, onde tenho cerca de trinta e-books publicados. Habituei-me à rapidez e foi isso o que me ofereceu a Editora Baraúna, com seus preços módicos e publicação sob demanda, isto é, livros impressos em qualquer quantidade, de acordo com a procura, sem risco de encalhe ou edição esgotada. Espero que o leitor fique tão contente como estou eu.


Ana Suzuki e Cissa, num evento na Academia Campinense de Letras.

7 comentários:

  1. O problema, é que é dolorido fingir que não doi.

    Gostei muito!

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  2. Ana
    Linda e profunda
    Assim como em tudo
    O que escreve...

    Lenine.

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  3. Ana Suzuki merece esta homenagem neste blog especial. Gostei demais destes poemas da Ana e também do seu blog , principalmente porque no pensamento abaixo me irmanei com você.

    "Não é incrível que muitos sejam conscientes dos problemas ambientais, mas que a maioria não adote uma atitude, umazinha que seja, para melhorar a situação?"

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  4. Adorei amiga estes dois poemas seus e quero parabenizar sua amiga Cissa, pelo carinho com a poeta que és.
    Abraços e parabéns pelo poema profundo"Você me dói"

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  5. Ana Suzuki, sempre coerente e sincera com um toque de ambiguidade.
    Lindos poemas, minha amiga.
    Não sei porque me recordaram como foi difícil o início da nossa amizade. Você lembra-se da minha dificuldade em trabalhar com newsgroups??
    Quantos anos passaram?
    E continuo a apreciar os seus conselhos espontâneos e oportunos.
    Um beijo da sua amiga Laura Martins

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  6. Às vezes dizem que sou poetisa. Sou não, nem poetisa nem poeta (homem é poeto?). Sou prosadora mesmo. Mas de vez em quando, muito de vez em quando, surge alguma coisa que nao posso exprimir em prosa. Então surge o poema, bom ou mau, é um poema. Entretanto isto só me aconteceu umas vinte ou trinta vezes na vida. Cissa, obrigada pela homenagem. Meu agadecimento é tardio mas, já que estou por aqui e "me vi", senti vontade de dizer alguma coisa. Muito obrigada mesmo.

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  7. Oi Ana que saudades de vc...meu anjo da guarda que me ajudou tanto .Meus filhos todos sonham em te conhecer... Inesquecível!!!!

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