Cissa de Oliveira
É difícil acreditar que Carlos Drummond de Andrade tenha sido expulso da escola sob o pretexto de “insubordinação mental”. Pois isso aconteceu. Insubordinação mental... Seria isto alguma falta de sinônimo para o comportamento de um jovem em fase escolar? Talvez Drummond tenha feito referência a esse lamentável engano quando escreveu: “ … e de tudo fica um pouco. / Oh, abre os vidros de loção/ e abafa / o insuportável mau cheiro da memória...”.
Drummond colaborou com diversos espaços literários, notadamente para o Jornal do Brasil, onde permaneceu por 64 anos, e foi, a seu tempo, um poeta influente na nossa literatura. Dono de extensa obra literária, viu seu poema “No meio do caminho” (1928) se transformr em escândalo literário. Aparentemente o autor não se abateu, e passados trinta e nove, quarenta anos, publicou "Uma pedra no meio do caminho - Biografia de um poema", que nada mais era do que uma resposta, se é que se pode chamar assim, um apanhado de críticas e matérias resultantes do seu poema escândalo ao longo dos anos.
É inegável que poemas modernistas eram criticados, ridicularizados, renegados enquanto literatura, mas o tempo, senhor de todas as engrenagens, mostrou que o mais completo modernista, havia nascido para brilhar. E mais, ao escrever que “tinha” uma pedra no meio do caminho – será que a pedra não era ele mesmo, no sapato dos conservadores? - é... porque tinha uma pedra e pronto.
Quem dera, os insubordinados das escolas de agora soubessem ler, quer dizer, ler de verdade. Poetas em potencial? Nesse caso é esperar, afinal, a história e também a vida têm mostrado que não se deve ter desesperanças. Quem garante que não há ao menos um Drummond querendo emergir no meio desse celeiro de insubordinação em que se transformou a Educacão no Brasil?
E se assim é, cabe citar mais uma de Drummond: “Se procurar bem, você acaba encontrando não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida”.
Sim, e essa verdade está "estampada" a seguir, com a beleza intrincada nas leituras do poema escândalo, em diversos idiomas. Ta bom assim?
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental".
Cissa de Oliveira
Interessantíssimo, o poema da pedra em todos esses idiomas!
ResponderExcluirNão sabia da "Insubordinação mental"!!!